sábado, 16 de fevereiro de 2008

Brecht e sua Teoria do Rádio (1927-1932) O papel social da radiodifusão

Entre as décadas de 20 e 30, período em que o rádio nascia como uma nova tecnologia da comunicação, o dramaturgo alemão Bertold Brecht, preocupado com o uso e o desenvolvimento do rádio elaborou ensaios e sugestões para o veículo, que foram reunidos sob o título “Teoria do Rádio”.
Brecht foi um dos primeiros pensadores a perceber o papel estratégico que o rádio tem e de certa forma foi um dos precursores na constatação das imensas potencialidades de comunicação do rádio, no sentido de clamar pelo uso do veículo de forma a proporcionar a democratização da comunicação.
O dramaturgo, poeta e teórico alemão Bertold Brecht, através de análises, sugestões e alertas demonstrou claramente sua grande inquietação sobre como desenvolver e como trabalhar com o então novo veículo em termos de forma e conteúdo, buscando estabelecer sua função social.
Com isso, apontou suas preocupações e sugestões, sempre focado na idéia de que se deveria transformar o rádio realmente em meio de comunicação e não meramente de transmissão. E que muito mais do que conquistar ouvintes, a radiofonia tivesse efetivamente o que falar para o público.
Suas analises e apontamentos, reunidos em “Teoria do Rádio”, permanecem cada vez mais atuais e sempre estão a provocar debates. Brecht foi um dos pensadores a identificar a real missão da comunicação radiofônica na sua utilização enquanto função social.
Não me privo de pensar que se Brecht estivesse hoje analisando o rádio, com certeza adotaria o entendimento de que é no interesse público, no interesse da sociedade através da satisfação de seu direito de ser informada com democracia, pluralidade e ética, que deve estar pautada a comunicação. E mais, o que ele questionava era com que forma e conteúdo os responsáveis por fazer rádio iriam se comunicar com seus ouvintes. Para ele era preciso ir além do simplesmente retransmitir um fato ou veicular uma notícia radiofônica que esteja limitada a um sintético e duro relato de acontecimento.
O alerta é claro, se ficarmos restritos a este tipo de comunicação, o rádio não dará conta do seu papel social. Fica um alerta ao estudante de jornalismo: não basta informar no sentido mais restrito desta palavra. Cabe ao jornalista ouvir as partes do fato e trazer a “luz” dos acontecimentos de forma clara, onde o povo possa fazer o seu juízo democraticamente, onde prevaleça o ser cidadão e a pluralidade da comunicação.
Esta “Teoria do Rádio”, de Brecht, remonta o atual paradigma em que vive o “veículo rádio” que, hoje, adquire cada vez mais recursos e potenciais tecnológicos, mesmo não sabendo muito bem o que fazer com esta instrumentalização. O certo é que o rádio ainda tem muito a construir em termos de linguagem e conteúdo, muito a crescer quanto ao efetivo uso de suas características e recursos; e principalmente, muito caminho ainda a trilhar no sentido de realmente cumprir sua função social.
Sabendo que o rádio tem, ainda hoje, a possibilidade, de explorar e adaptar seus recursos técnicos, de linguagem e de conteúdo aos novos tempos da humanidade, é que deve continuar a ser defendido um ideal de rádio que traga a democratização, pluralidade, ética, fazendo brotar nele um espaço público real através das ondas sonoras. Até por que o rádio continua a ter potencial para ser o veículo mais popular e de maior alcance de público.

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