domingo, 30 de julho de 2017

O programa Conexão Ambiental como espaço de promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável

SUMÁRIO. 1. Introdução. 2. Referencial teórico. 2.1 Síntese sobre a história do rádio no Brasil. 2.2 A função social do rádio. 2.3 O rádio como espaço de promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável: a contribuição do programa Conexão Ambiental. 3. Metodologia. 4. Resultados. 5. Conclusão.


RESUMO

O artigo aborda a questão da cidadania e do desenvolvimento sustentável, tendo como objeto de estudo o programa Conexão Ambiental, levado ao ar pela Rádio Brasil Central AM 1270 e FM 90,1 de Goiânia (GO). O objetivo geral consiste em investigar como o rádio pode contribuir no processo de formação e conscientização da população a respeito de temas relacionados à cidadania e ao desenvolvimento sustentável. O problema da pesquisa levou em consideração o fato de que o rádio é um veículo facilitador e mediador do diálogo com a sociedade. O questionamento diz respeito a como o rádio pode ser considerado um espaço de discussão de temas de relevante interesse para a sociedade, além de mostrar qual a efetiva contribuição do programa Conexão Ambiental para a promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável. A metodologia consiste em Pesquisa Bibliográfica e Estudo de Caso. A relevância do tema se justifica pelo fato de que o programa Conexão Ambiental tem o compromisso de resgatar a função social do rádio especialmente na cidade de Goiânia. A análise dos resultados aponta no sentido de que a função social do rádio se materializa a partir da capacidade que este veículo tem de promover o debate sobre problemas gerais e, de forma específica, ser um agente multiplicador na conscientização da população sobre a importância de se adotar atitudes proativas que promovam a cidadania e o desenvolvimento sustentável em suas comunidades.

Palavras-chave: função social do rádio; sustentabilidade; cidadania; Conexão Ambiental.

ABSTRACT

The article addresses the issue of citizenship and sustainable development, with the object of study being the Conexão Ambiental program, aired by Radio Brasil Central AM 1270 and FM 90,1 of Goiânia (GO). The general objective is to investigate how radio can contribute to the formation and awareness of the population on issues related to citizenship and sustainable development. The research problem has taken into account the fact that radio is a vehicle that facilitates and mediates dialogue with society. The questioning concerns how radio can be considered a space for discussion of topics of relevant interest to society, as well as showing the effective contribution of the Conexão Ambiental program for the promotion of citizenship and sustainable development. The methodology consists of Bibliographic Research and Case Study. The relevance of the theme is justified by the fact that the Conexão Ambiental program is committed to rescuing the social function of radio especially in the city of Goiânia. The analysis of the results points to the fact that the social function of the radio materializes from the capacity of this vehicle to promote the debate on general problems, and in a specific way, to be a multiplier agent about the population's awareness of the importance of to adopt proactive attitudes that promote citizenship and sustainable development in their communities.

Keywords: Radio social function. Sustainability. Citizenship. Conexão Ambiental.


1 INTRODUÇÃO  

A radiodifusão sonora no Brasil surgiu em meados de 1922 e, de acordo com a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), atualmente o rádio ainda se mantém como um forte veículo de comunicação de massa, sendo o segundo meio de comunicação de maior alcance no país, perdendo apenas para a televisão.

Ao longo dos anos, o rádio tem procurado cumprir a função social de ser um veículo de promoção e fomento de atividades educativas, culturais, artísticas e informativas, atendendo às necessidades da sociedade e valorizando a cidadania.

Cumprir essa função, no entanto, tem sido um desafio diante das tecnologias presentes no cotidiano das pessoas. Assim, diante desse desafio, percebe-se que a função social do rádio tem sido prejudicada, pois os conteúdos jornalísticos nem sempre contemplam temas relacionados à educação, saúde ou meio ambiente.

Neste cenário, o programa Conexão Ambiental, uma iniciativa que faz parte da programação da Rádio Brasil Central AM 1270 desde 2014, surge como um espaço para discussão com a sociedade, sendo um facilitador e mediador do diálogo, centrado nas premissas de um modelo de sociedade responsável e comprometida com os princípios da cidadania e do desenvolvimento sustentável.

É na perspectiva de se consolidar como um espaço de comunicação de massa, levantando questões relevantes da atualidade, que o Conexão Ambiental tem se mantido no ar. Portanto, tendo em vista que o Conexão Ambiental é o objeto de estudo da presente pesquisa, a formulação do problema recai sobre dois questionamentos, o rádio ainda pode ser considerado um espaço de discussão de temas de relevante interesse para a sociedade? Na opinião dos ouvintes, qual a efetiva contribuição do programa Conexão Ambiental para a promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável?

O objetivo geral do artigo consiste em investigar como o rádio pode contribuir no processo de formação e conscientização da população a respeito de temas relacionados à cidadania e desenvolvimento sustentável, tendo como parâmetro o caso específico do programa Conexão Ambiental.

Como objetivos específicos, procurar-se-á: apresentar uma síntese sobre a história do rádio no Brasil; contextualizar a função social do rádio como veículo de comunicação de massa e formador de opinião; e estabelecer uma relação entre a função social do rádio e os temas relacionados à cidadania e desenvolvimento sustentável.

A título de justificativa e relevância do tema, é oportuno ressaltar que a sociedade global vive um momento histórico em que é urgente estabelecer discussões sobre os rumos da vida no planeta nas próximas décadas, diante da relevância que ganharam temas como educação ambiental, desenvolvimento sustentável e cidadania.

Neste cenário, os meios de comunicação de massa assumem importante papel por suas características próprias, quais sejam, ser um veículo de promoção e fomento de iniciativas que possam envolver a sociedade nas discussões de temas relevantes e que têm sido deixados em segundo plano, como no caso da educação ambiental, que tem sido vítima de distorções de fatos, de negligência ética e falta de compromisso e responsabilidade das médias com os interesses da sociedade.

É diante dessa realidade, portanto, que ganha relevância a iniciativa do projeto Conexão Ambiental, tanto pelo compromisso de resgatar a função social do rádio quanto pelo esforço de utilizar as “ondas do rádio” para a promoção da educação ambiental.

Portanto, a maior contribuição que o tema dessa pesquisa pode oferecer reside no fato de que uma informação não educa se não vier acompanhada de um contexto mobilizador e dialógico. E é com esse propósito que o projeto Conexão Ambiental está comprometido, ou seja, explorar a vertente ambiental no jornalismo de forma clara e ética em parceria com a comunidade e os movimentos sociais organizados.

Desta forma, por meio da radiodifusão pretende-se despertar aspectos do religare do ser humano com a vida, por meio, de uma linguagem democrática, plural, dando voz a pesquisadores, doutores, movimentos sociais entre outros, discutindo e debatendo temas sensíveis aos anseios da humanidade de forma agradável, divertida, clara, educativa e generosa. 

A metodologia adotada consiste na realização de Pesquisa Bibliográfica e Estudo de Caso, tendo o programa Conexão Ambiental como objeto de estudo, e cujos resultados associados aos objetivos geral e específicos foram suficientes para oferecer resposta aos questionamentos levantados.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Síntese sobre a história do rádio no Brasil

A invenção do rádio representou um marco na disseminação da informação, revolucionando a comunicação a distância. Historicamente, tal feito foi atribuído ao inventor italiano Guglielmo Marconi, que em 25 de setembro de 1896 patenteou o registro de sua criação. No entanto, o título de “pai do rádio” foi motivo de contestações. Alguns historiadores creditam tal invento ao austríaco Nikola Tesla; já outros atribuem a invenção do rádio ao cientista e padre brasileiro Roberto Landell de Moura (DAHER, 2012).
Independente da paternidade do rádio, o certo é que o invento foi se aprimorando e se popularizando até alcançar o status de mais importante veículo de comunicação de massa em todo o mundo, passando a perder espaço só em meados de 1960, com o surgimento da televisão. E, mesmo assim, o rádio ainda continua se modernizando no sentido de passar a transmitir em sistema digital (ALEXANDRE, 2012).
No Brasil, relatos históricos atribuem ao Padre Landell de Moura as primeiras transmissões da telegrafia sem fio entre os anos 1893 e 1894. No entanto, de acordo com a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), oficialmente o rádio nasceu no Brasil no dia 7 de setembro de 1922, ao ensejo das comemorações do centenário da independência do país, com a transmissão a distância do discurso do Presidente Epitácio Pessoa na inauguração da radiotelefonia brasileira (ABERT, s/d).
A primeira emissora de rádio do Brasil foi a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, criada por Roquette Pinto e Henrique Morize, fazendo sua primeira transmissão exatamente no dia 1º de maio de 1923, Dia do Trabalhador, adotando como o slogan bastante sugestivo: “trabalhar pela cultura dos que vivem em nossa terra e pelo progresso do Brasil” (FERREIRA, 2013).
Ainda de acordo com relatos de Ferreira (2013), Minas Gerais teve sua primeira emissora de rádio em funcionamento em janeiro de 1926, a Rádio Sociedade de Juiz de Fora, seguida da Rádio Mineira, criada em 1927 e sediada em Belo Horizonte.
Na sequência merece destaque a Rádio Guarani, instituída em 10 de agosto de 1936 e que foi reconhecida como uma estação de serviços por mais de 20 anos, tendo como slogan “a voz do povo” (PRATA, 2003).
Ainda em 1936 foi criada a Rádio Inconfidência, uma emissora tradicional de Minas Gerais. Em 1951 surgiu a Rádio Itatiaia, que além da programação comum às demais emissoras, investiu também na cobertura esportiva e no jornalismo (FERREIRA, 2013).
Em 12 de setembro de 1936, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro iniciou suas transmissões, em solenidade que contou com a presença de renomados representantes da sociedade carioca, entre políticos, cantores, artistas, embaixadores e claro, jornalistas e radialistas.
Na área jornalística, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro foi uma referência ao levar ao ar pela primeira vez em 1941, o repórter Esso, tendo à frente o repórter Heron Domingues que eternizou a célebre vinheta: “amigo ouvinte, aqui fala o Repórter Esso, testemunha ocular da história” (AGUIAR, 2007).
O programa ficou no ar por quase trinta anos e conforme relatos de Aguiar (2007, p. 116), “em 1962 o mesmo transferiu-se para a televisão, mas ainda mantinha transmissões radiofônicas. No último dia de dezembro de 1968, o Repórter Esso optou definitivamente pelo meio televisivo”.
Mesmo com a televisão e a internet, o rádio ainda se mantém como um importante veículo de comunicação de massa não só no Brasil, mas em toda a América Latina. Esse fato é confirmado pelas características peculiares a este veículo de comunicação: a imediatez, a horizontalidade, a aliança urbano-rural, o local, e o lugar de encontro, conforme relatam Kommers e Formentini (2013, p. 4) citando Barbosa e Sierra (1999, p. 15):

O rádio na América Latina tem exercido um importante papel comunicacional por apresentar nas últimas décadas uma possibilidade de participação às comunidades. As características deste veículo podem ser resumidas à imediatez: em matéria informativa, a força do rádio é sua rápida capacidade de interagir com o público; horizontalidade: na América Latina o rádio é o meio de comunicação massivo que mais tem quebrado a verticalidade das mensagens; aliança urbano-rural: por várias comunidades o rádio continua sendo o único meio massivo de longo alcance; local: um noticiário de rádio tem mais legitimidade e audiência quando é capaz de converter-se em um canal fluído de comunicação entre as distintas experiências da comunidade, cidade ou região determinada; lugar de encontro: a partir das experiências de participação das comunidades, iniciam-se outras dinâmicas de participação dentro das programações.

Por isso e muito mais, o rádio é e ainda será sem dúvida um dos veículos de comunicação com grande poder de disseminar informações, e essa característica se dá, conforme relata Makovics (2003, p. 12), pelo fato de que “o rádio é um meio de comunicação que tem capacidade de atingir um grande público anônimo e heterogêneo. Está ao alcance da maioria da população e atinge regiões mais afastadas dos centros urbanos”.
A modernidade com todas as suas tecnologias de comunicação viabilizadas pela internet, tem imprimido mudanças significativas para o rádio tradicional, criando incontáveis possibilidades para o rádio na internet.
Conforme afirma Carvalho (1998, p. 23), “o ouvinte on-line possui acesso a toda a programação da rádio em tempo real através de um link; o rádio exige apenas um dos sentidos humanos, a audição, o que permite sua presença ao lado do homem em qualquer circunstância”.

2.2 A função social do rádio

Mesmo com o surgimento da televisão, o rádio exerceu uma função social de destaque no dia a dia das pessoas, pois o rádio tinha a capacidade de agregar pessoas. Ao contrário do que aconteceu no início de sua invenção nos anos 20, quando o rádio isolava as pessoas, já que os aparelhos eram individuais.
Já na década de 30 foram criados diversos pontos coletivos nas praças, escolas e teatros para que as pessoas pudessem desfrutar das novidades que eram transmitidas pelo rádio. Neste momento os rádios já foram fabricados com dispositivos de caixas de som que permitiam reunir a família, amigos e vizinhos em torno de um mesmo receptor (LOPES, 1970).
Na opinião de Jorge (2012, p. 11), com a invenção do rádio, esse veículo “foi capaz de transpor tanto os limites geográficos, quanto os mais restritos socialmente e ampliou a capacidade de percepção, acesso à informação, entretenimento e à cultura a milhões de pessoas”.
Essa capacidade que o rádio tem de agregar pessoas é relatada por César (2005, p. 117) ao relacionar as características funcionais do rádio. Entre estas características, o autor cita a capacidade que o rádio tem de

(...) orientar o comportamento social, estabelecendo padrões e oferecendo modelos para identificação; auxiliar nos contatos pessoais, proporcionando temas para as conversas por meio da experiência compartilhada; capacitar o indivíduo a exercitar o ato de escolha, tomar decisões e agir como cidadãos, em especial numa democracia, graças à disseminação de notícias e informações imparciais.

Para a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a função social do rádio não se restringe a um posicionamento estático ou limitado, mas antes está relacionada a diversos aspectos que estão em constante evolução na sociedade, entre eles, a garantia da liberdade de expressão da sociedade; a promoção e o fomento de atividades educativas, culturais, artísticas e informativas; capacidade que o rádio tem de responder com rapidez às demandas da sociedade, mobilizando a população e valorizando a cidadania; o comprometimento voluntário para divulgar campanhas de políticas sociais, de saúde pública, de educação ambiental e segurança no trânsito, entre outras funções sociais(ABERT, 2006).
Historicamente, o rádio sempre esteve associado à sua função educativa, tanto que um acontecimento histórico que evidencia a função social do rádio no campo da Educação no Brasil foi o fato de que o rádio em meados de 1930 tornou-se um meio preocupado em levar educação e cultura à população.
Conforme relatam Meneguel e Oliveira (1998), muitas foram as emissoras que seguiram essa vocação mesmo com o surgimento das rádios comerciais. Exatamente em 1936, acreditando na promessa de que os ideais de educação e cultural seriam preservados, Roquette Pinto doou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro ao Ministério da Educação e Cultura, que tinha Gustavo Capanema como titular da pasta.

2.3 O rádio como espaço de promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável: a contribuição do programa Conexão Ambiental

Cidadania e desenvolvimento sustentável são conceitos que interagem e que se complementam com o conceito de meio ambiente, o qual, conforme Silva (2004, p. 20), deve ser entendido de forma “abrangente de toda a natureza, o artificial e original, bem como os bens culturais correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as belezas naturais, o patrimônio histórico, artístico, turístico, paisagístico e arquitetônico”.
Nesse conceito de meio ambiente, é possível extrair os princípios de vida sustentável que, no entendimento de Oliveira e Guimarães (2004), tais princípios consistem em respeitar e cuidar da biosfera, melhorar a qualidade de vida dos indivíduos, preservar a diversidade do planeta, preservar os recursos não renováveis, modificar atitudes e práticas pessoais, exercer a cidadania, e cuidar do seu próprio ambiente.
Num momento em que a informação ganha papel cada vez mais importante tendo em vista as infinitas possibilidades que as tecnologias e a internet proporcionaram, há que se refletir sobre a importância da educação para a cidadania como forma de motivar e sensibilizar as pessoas para adotarem uma atitude de corresponsabilidade diante de problemas como preservação dos recursos naturais, redução do lixo doméstico, descarte adequado do lixo, além de problemas decorrentes de falta de saneamento básico, políticas públicas de controle de poluição automotiva, entre outras questões.
Tudo isso sugere que a educação ambiental tornou-se determinante para que as pessoas mudem atitudes e adotem comportamentos que promovam a qualidade de vida da população e atuem em suas comunidades dentro de princípios que atendam ao conceito de desenvolvimento sustentável (TAMAIO, 2000).

A esse respeito, Jacobi (2003, p. 192) esclarece que:
A problemática da sustentabilidade assume neste novo século um papel central na reflexão sobre as dimensões do desenvolvimento e das alternativas que se configuram. O quadro socioambiental que caracteriza as sociedades contemporâneas revela que o impacto dos humanos sobre o meio ambiente tem tido consequências cada vez mais complexas, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos.

Portanto, é contra esse impacto negativo do homem sobre o meio ambiente que a educação para a cidadania e desenvolvimento sustentável deve estar orientada, e para isso, não basta apenas as escolas assumirem esse compromisso, mas todo e qualquer segmento da sociedade organizada, especialmente os veículos de comunicação de massa.
Conforme esclarece Bonamigo (2000, p. 14): “a cidadania é fundamental como base de uma nova ordem social, encontrando seu aporte na democracia participativa, além de uma prática de reivindicação de apropriação de espaços para fazer valer direitos”.
Oportuno ressaltar que uma das mais relevantes funções sociais do rádio foi no campo da educação. Portanto, temas como cidadania, inclusão social, desenvolvimento sustentável estão relacionados a mudanças de hábitos, de atitudes, de comportamentos, e para isso a educação surge como a estratégia eficaz para que essas mudanças aconteçam (BONAMIGO, 2000).
Ao discorrer sobre a contribuição do rádio na propagação da cidadania, Kommers e Formentini (2013) chamam a atenção para o fato de que os veículos de comunicação de massa assumem papel relevante na discussão sobre temas que envolvem a cidadania, especialmente pela capacidade que o rádio tem de conscientizar a população sobre seus direitos e deveres, além de promover o debate sobre a busca por melhores condições de vida da população.
Partindo da afirmativa de Gentilli (2005, p. 128), de que “o direito à informação é um direito que fomenta o exercício da cidadania e permite ao cidadão o acesso e a crítica aos instrumentos necessários ao exercício pleno do conjunto dos direitos da cidadania”, Kommers e Formentini (2013, p. 4) ressaltam que:

Dentre os veículos de comunicação, observa-se que o rádio apresenta características que favorecem a preocupação com a cidadania, pois além da sua capacidade de atingir grandes públicos, seu formato de veiculação de informações é significativamente abrangente, e pode-se dizer que supera a mídia impressa, pelo fato de que não se restringe a uma elite alfabetizada das sociedades.

É na perspectiva de reafirmar a função social do rádio no que diz respeito a ser um espaço de educação e de discussão de questões relevantes para a sociedade que o programa Conexão Ambiental foi criado com o compromisso de divulgar, com responsabilidade e ética jornalística, ações, projetos, novidades tecnológicas e notícias em geral que visem melhorar a qualidade de vida das pessoas, seguindo o caminho das mídias preocupadas em discutir e debater o futuro das gerações, e o equilíbrio da vida no planeta.

O projeto foi dividido em módulos, com intuito de reconstruir elementos imprescindíveis ao trabalho proposto e alcançar metas da proposta de cobertura jornalística, ou seja:

Boletins diários: programetes de 3 minutos com formato de boletins informativos nas duas emissoras, RBC AM 1270 e RBC FM 90,1, levando ao ouvinte informações de Goiás, do Brasil e do Mundo.
Quadro Conexão ambiental: de segunda a sexta-feira com participações ao vivo no programa Show da Tarde com duração de 10 minutos.
Programa Semanal: todas as sextas-feiras das 8h00 às 9h00 da manhã vai ao ar o programa Conexão Ambiental, explorando uma linguagem de debates e entrevistas, na Rádio Brasil Central AM (onda média, curta e tropical) em cadeia com a FM 90,1.
Conexão nas redes sociais.
Conexão Ambiental na TV: veiculação de programa formato documentário de 5 minutos de duração uma espécie de interprograma (filmagem e condução de cenas estilo europeu). 
A grande relevância do projeto Conexão Ambiental reside na capacidade de promover temas relativos à educação ambiental, elaborar mecanismos eficientes para produzir conteúdos de real valor para a sociedade, propagar informações capazes de cumprir com sua função social, e sua relação com a humanidade.

Nesse contexto, o Conexão Ambiental pretende ser um espaço de informação, de debates e discussões públicas sobre as temáticas que envolvem os problemas ambientais, estimulando e cobrando soluções tanto por parte do governo quanto da sociedade.

3 METODOLOGIA

3.1 Delineamento da pesquisa

Sobre o delineamento da pesquisa, Prodanov e Freitas (2013, p. 54) afirmam que “o elemento mais importante para a identificação de um delineamento é o procedimento adotado para a coleta de dados”. 
Dessa forma, o pesquisador pode optar por duas linhas de delineamento: aquele em que a fonte de dados é fornecida pela literatura científica impressa ou disponibilizada por meio eletrônico, como no caso da pesquisa bibliográfica por exemplo ou ainda optar pela fonte de dados fornecidos por pessoas, como no caso da pesquisa experimental, pesquisa-ação, estudo de caso etc. (PRODANOV e FREITAS, 2013).
Diante disso, o desenvolvimento do tema, no que diz respeito ao rádio na condição de espaço de discussão e promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável, foi viabilizado pela realização de Pesquisa Bibliográfica de caráter exploratório e Estudo de Caso, tendo como objeto de estudo o programa Conexão Ambiental, com abrangência na cidade de Goiânia (GO), produzido por profissionais do rádio desta cidade e levado ao ar em cadeia pela Rádio Brasil Central AM 1270 e RBC FM 90,1.
A Pesquisa Bibliográfica, de acordo com Gil (2008, p. 50), “é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Uma das vantagens mais importantes da pesquisa bibliográfica é o fato de proporcionar ao pesquisador a abordagem de fenômenos que envolvem o tema pesquisado de forma muito mais ampla. Por este motivo, conforme esclarecem Marconi e Lakatos (2003, p. 183), “sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito sobre determinado assunto”.
No que diz respeito ao caráter exploratório da pesquisa, Gil (2008, p. 50) ressalta que “parte dos estudos exploratórios podem ser definidos como pesquisas bibliográficas, assim como certo número de pesquisas desenvolvidas a partir da técnica de análise de conteúdo”.
O Estudo de Caso foi o procedimento técnico adotado com o objetivo de fornecer resposta aos questionamentos levantados, ou seja, o rádio ainda pode ser considerado um espaço de discussão de temas de relevante interesse para a sociedade? Na opinião dos ouvintes, qual a efetiva contribuição do programa Conexão Ambiental para a promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável?
De acordo com Marconi e Lakatos (2003, p. 221), os métodos de procedimento, como o Estudo de Caso, por exemplo, são etapas mais concretas da investigação, “com finalidade mais restrita em termos de explicação geral dos fenômenos menos abstratos. Pressupõem uma atitude concreta em relação ao fenômeno e estão limitadas a um domínio particular”.
Gil (2008, p. 57) ressalta que o Estudo de Caso “é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado”.
Trata-se de um procedimento técnico de metodologia utilizado amplamente pela sua capacidade de atender a diferentes propósitos, como explorar situações da vida real, descrever a situação do contexto em que está sendo desenvolvida determinada investigação, além de explicar as variáveis causais de determinado fenômeno (GIL, 2008).
Com esse delineamento – Pesquisa Bibliográfica e Estudo de Caso – é possível oferecer uma resposta concreta aos questionamentos levantados e assim atender ao objetivo geral da pesquisa, que consiste em investigar como o rádio pode contribuir no processo de formação e conscientização da população a respeito de temas relacionados à cidadania e ao desenvolvimento sustentável, tendo como parâmetro o programa Conexão Ambiental.

3.2 Universo e amostra

O universo ou a população de uma pesquisa consiste no conjunto de elementos definidos e com determinadas características, e com pelo menos uma característica em comum, como por exemplo, a população da cidade de Goiânia formada pelos ouvintes da Rádio Brasil Central AM 1270. A amostra consiste em uma parcela convenientemente selecionada do universo, como por exemplo, os ouvintes do programa Conexão Ambiental (MARCONI e LAKATOS, 2003).
Não existem dados estatísticos que comprovem o alcance de audiência da Rádio Brasil Central AM 1270 e RBC FM 90,1. Definiu-se, então, no que diz respeito à amostra, por questões de viabilidade, essa amostra foi composta por 107 participantes, escolhidos pelo critério de acessibilidade e disponibilidade em participar do estudo, critérios menos rigorosos, pois seleciona participantes pela facilidade de acesso a eles e pela disponibilidade em participarem da pesquisa (VERGARA, 2007).
Além disso, visando à fidedignidade dos resultados, levou-se em consideração também critérios mais específicos, como a idade mínima de 18 anos, ser morador da cidade de Goiânia, ser ouvinte de rádio (programa Conexão Ambiental) e acompanhar os debates promovidos no espaço do programa com certa frequência.

3.3 Instrumento de coleta de dados

Foi utilizado o questionário como instrumento de coleta de dados. Tal instrumento é definido por Gil (2008, p. 121) como “um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas, comportamentos etc.”. 
Entre as vantagens do questionário, uma delas é o fato de possibilitar atingir um número amplo de participantes, a facilidade para as respostas e a garantia do anonimato dos sujeitos da pesquisa (GIL, 2008).
Entre os inúmeros modelos de questionário, nesta pesquisa foi utilizado o modelo estruturado misto, com perguntas abertas e fechadas (em apêndice).
No que diz respeito aos procedimentos de coleta, os questionários foram disponibilizados ao público ouvinte do programa Conexão Ambiental por via direta e por meio de recursos tecnológicos e redes sociais (e-mail, serviço Survey online, WhatsApp, etc.). Com esse procedimento, obteve-se um total de 63 respondentes via redes sociais e 44 com respostas físicas.
Para tal procedimento, a coleta de dados aconteceu entre os dias 28 de janeiro a 15 de fevereiro de 2017, período em que o questionário ficou disponibilizado para os participantes.
Após a coleta dos dados, procedeu-se a tabulação dos mesmos, ocasião em que foram gerados também os gráficos para a apresentação dos resultados e sua posterior análise e discussão.

4 RESULTADOS

A amostra foi caracterizada por critérios de idade, gênero, profissão, escolaridade, tempo que mora em Goiânia e bairro onde mora. No que diz respeito à idade, a Tabela 1 apresenta os seguintes resultados:



Foi possível contar com participantes do sexo masculino e feminino, prevalecendo a maioria de mulheres, conforme mostra a Tabela 2:

Quanto à atividade profissional, a amostra alcançou diversas áreas de atuação, destacando-se radialistas/jornalistas, servidores públicos, empresários, professores, entre outras, conforme apresentado pela Tabela 3:


O grau de escolaridade foi mais um critério para caracterização da amostra. De acordo com os resultados apresentados pela Tabela 4, é possível constatar que prevaleceu indivíduos com Ensino Superior:


A pesquisa considerou o bairro e o tempo em que o participante mora em Goiânia. Foi possível atingir moradores de diversas localidades, destacando-se três bairros: o Setor Central, o Setor Universitário e o Setor Bueno. Quanto ao tempo em que mora em Goiânia, os resultados mostram que a maioria está na cidade entre 30 e 45 anos, conforme apresentado pelas tabelas 5 e 6 respectivamente:




Após a caracterização da amostra procurou-se saber se o participante acredita que as questões relacionadas ao meio ambiente podem interferir de forma positiva ou negativa sobre a qualidade de vida das pessoas.  Os resultados mostram que essa interferência acontece na opinião de 97,20% dos participantes, ao passo que, para 2,80% as questões relacionadas ao meio ambiente não interfere na qualidade de vida das pessoas. A qualidade de vida está intimamente relacionada ao meio ambiente, cujo conceito atual é abrangente, não se limitando apenas aos recursos naturais, mas às condições de vida nos centros urbanos, ou seja, cuidar do meio ambiente sugere uma convivência equilibrada com os recursos naturais, bens culturais, o patrimônio histórico, artístico, turístico e arquitetônico (SILVA, 2004).

Sobre os problemas ambientais mais graves encontrados no bairro onde moram foram citadas as queimadas e o desmatamento, com 13,08%; o excesso de lixo nas ruas, com 30,84%; a falta de coleta seletiva do lixo, com 17,76%; falta de saneamento básico, com 11,21%; a poluição dos recursos hídricos, com 10,28%; e a falta de consciência ambiental por parte dos moradores, que atingiu o percentual de 16,82%. Percebe-se que houve uma alta incidência de respostas relativas ao excesso de lixo nas ruas associado com a falta de coleta seletiva e, logo a seguir, a falta de saneamento básico e a consequente poluição dos recursos hídricos. O descarte do lixo urbano tem sido um dos grandes obstáculos para os gestores, especialmente pelo fato da maioria das cidades não contarem com um sistema eficiente para descarte, coleta e reciclagem desse lixo.

Quanto à atitude dos participantes em relação aos problemas ambientais citados, a consciência ambiental foi citada por 26,17% dos participantes; o descarte do lixo de forma adequada registrou 27,10%; discutir temas sobre educação ambiental nos canais da mídia apresentou 7,48%; fazer denúncias aos órgãos competentes é uma atitude de 14,02%; produzir menos lixo doméstico é uma atitude de 11,21%; e 14,02% dos participantes declararam-se indiferentes aos problemas ambientas da cidade ou do bairro onde moram. Esse conjunto de atitudes evidencia um processo de conscientização da população sobre os problemas ambientais, envolvendo questões relacionadas também à cidadania e ao desenvolvimento sustentável.

A pesquisa mostrou que cidadania e desenvolvimento sustentável são conceitos claros e de fácil entendimento para 91,59% dos participantes, contra 8,41% não têm essa percepção. Nesse contexto, 95,33% dos participantes acreditam que os meios de comunicação de massa, especialmente o rádio, podem ajudar a população a entender melhor os benefícios das atitudes e ações que promovam a cidadania e o desenvolvimento sustentável, ao passo que 4,67% não acreditam nessa possibilidade. Evidencia-se nestas duas questões a função social do rádio, a partir do que afirma César (2005), quando relata sobre as características funcionais do rádio, especificamente quanto à capacidade de orientar o comportamento social, estabelecendo padrões e auxiliando na tomada de decisões sobre como agir como cidadãos.

Os resultados mostram que 89,72% dos participantes não estão envolvidos em algum projeto de educação ambiental, onde apenas 10,28% encontram-se engajados em algum tipo de projeto. Essa falta de envolvimento nem sempre está associada com a vontade ou não do indivíduo em participar de algum projeto de educação ambiental, mas sim, à falta de conscientização sobre a importância dessa sua participação e seu comprometimento. Entre aqueles que estão envolvidos, destacam-se iniciativas entre grupos de vizinhos para a redução e descarte adequado do lixo doméstico, além do uso consciente da água nas tarefas domésticas.

Na opinião dos participantes as ações que mais trariam benefícios para a cidade, no que diz respeito à promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável, em ordem de importância, estão relacionadas à intensificar a coleta seletiva de lixo, com 21,18%; ações de proteção dos recursos naturais, especialmente os recursos hídricos, com 17,76%; implantação de projetos de educação ambiental nas escolas, com 16,51%; implantação de políticas públicas que resolvam ou melhorem os problemas de saneamento básico, com 13,40%; mais investimentos em infraestrutura básica, com 11,21%; políticas de combate ao uso e ocupação irregular do solo, com 8,10%; ações junto à população para erradicar o mosquito Aedes Aegypti, com 7,17%; e ações para reduzir a poluição provocada pelos automóveis, com 4,67%. Observa-se nessa questão que a população aponta ações pontuais motivada por problemas encontrados na sua comunidade e que precisam de soluções urgente, mas no entanto, são ações que de uma forma global promovem a cidadania e o desenvolvimento sustentável, sendo um indicador positivo no que diz respeito à consciência ambiental.

Entre os 107 participantes da pesquisa, somente 29 pessoas conhecem o programa Conexão Ambiental, ao passo que 78 indivíduos declararam não conhecer o programa. Assim, a melhor contribuição que o Conexão Ambiental tem dado no sentido de promover a cidadania e o desenvolvimento sustentável na cidade de Goiânia, na opinião de 62,07% daqueles que conhecem o programa, é estimular o processo de conscientização sobre os problemas ambientais; para 20,69% é a possibilidade de discutir problemas da cidade; na opinião de 10,34%, a maior contribuição é aproximar o ouvinte do rádio, e para 6,90% é a oportunidade de divulgar esses problemas e a partir daí, discutir soluções viáveis junto com a população e os órgãos competentes.

O rádio ainda é considerado um dos mais importantes veículos de comunicação de massa, pelo fato de abrir espaço ao debate sobre temas importantes para a sociedade. As características do rádio favorecem a preocupação com a cidadania, além de permitir o debate com grandes públicos (KOMMERS e FORMENTINI, 2013). No entanto, as mídias sociais, a programação das emissoras abertas de TV e a programação veiculada pelos canais fechados de TV representam alguns dos grandes obstáculos para que programas como o Conexão Ambiental possam se consolidar como um espaço de debate, resgatando umas das funções sociais relevantes deste veículo, que é a integração de pessoas em busca de soluções de problemas comuns.

Os resultados mostram que 36,45% dos participantes gostariam de participar de algum projeto de educação ambiental. No entanto, uma parcela de 63,55% não têm esse interesse.
Quanto ao tipo de projeto que os participantes gostariam de estar engajados, destaca-se a implantação em condomínios de uma política de coleta de óleo de cozinha para evitar que esses resíduos venham contaminar os recursos hídricos. Trabalhar com projetos de educação ambiental nas escolas foi também apontado como uma iniciativa que desperta o interesse dos participantes, principalmente por atuar diretamente com crianças e assim, tendo a oportunidade formar uma geração consciente e comprometida com a preservação dos recursos naturais, com o desenvolvimento sustentável e com a qualidade de vida nos centros urbanos.

Entre as sugestões dadas pelos participantes para que o rádio, de uma forma geral, e o programa Conexão Ambiental, de forma específica, possam se tornar um espaço de discussão e promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável, os participantes esperam que aconteça um processo de interação mais dinâmico e efetivo do rádio com os ouvintes para que estes possam apresentar e discutir ações que contribuam para um ambiente mais sustentável. Não podemos afirmar se os participantes que conhecem o programa conexão ambiental tem mais ou menos afinidade/domínio com os conceitos de cidadania e desenvolvimento sustentável. 

Uma sugestão para que essa interação aconteça seria o caso de a produção do Conexão Ambiental, sempre que possível, trabalhar de forma itinerante, apresentando o programa em locais previamente escolhidos e assim poder contar diretamente com os moradores daquela comunidade. 

Outra sugestão é a possibilidade de abrir espaços no programa para pequenas contribuições da sociedade no sentido de divulgar experiências positivas que estejam sendo realizadas nos bairros, além de realizar parcerias com empresas e movimentos organizados para que se possa viabilizar a implantação de projetos de preservação ambiental. 

De uma forma geral, as sugestões apresentadas pelos participantes apontam para uma aproximação do Conexão Ambiental com o público, seja realizando enquetes ou debates nos bairros, seja na própria emissora, e com isso tornar o programa mais conhecido do público, elevando assim o número de ouvintes, tornando-se enfim, um agente multiplicador de projetos e atitudes de promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável.

5 CONCLUSÃO

A história do rádio no Brasil foi marcada pela oportunidade de colocar em evidência a riqueza cultura do país e com isso, ser um veículo de integração e que teve na educação sua função social mais relevante.

Durante os anos de 1920 até meados de 1960 o rádio foi um instrumento de registro dos momentos históricos que marcou a vida dos muitos brasileiros, sejam políticos, trabalhadores, governantes, artistas, cantores ou simplesmente cidadãos que buscavam no rádio informações, entretenimento e conhecimento que lhes permitissem viver essa cidadania que começou a ser conquistada graças à função social do rádio de promover e fomentar atividades educativas, culturais, artísticas e informativas.

No que diz respeito ao objetivo geral do estudo, que consiste em investigar como o rádio pode contribuir no processo de formação e conscientização da população a respeito de temas relacionados à cidadania e desenvolvimento sustentável, tendo como parâmetro o caso específico do programa Conexão Ambiental, acredita-se que este objetivo foi atendido com os resultados apresentados pelo Estudo de Caso. 

De forma geral o rádio é considerado por 95,33% dos participantes dessa pesquisa de campo como uma ferramenta que ajuda e muito a população a entender melhor a importância da temática sobre cidadania, desenvolvimento sustentável e meio ambiente, isto é, foi possível confirmar que o rádio ainda é um dos mais importantes veículos de comunicação de massa, e isso se dá pelo fato de integrar comunidades, oferecer respostas rápidas às demandas da sociedade, e acima de tudo, oferecer espaços para debates sobre questões de interesse da sociedade, como a cidadania e o desenvolvimento sustentável, sendo essa a maior contribuição do rádio no processo de conscientização da população.

As conclusões do estudo apontam no sentido de que a função social do rádio se materializa a partir da capacidade que este veículo tem de promover o debate, de ser um espaço de discussão sobre problemas gerais de interesse da sociedade.

E no que diz respeito sobre qual a efetiva contribuição do programa Conexão Ambiental para a promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável, esta contribuição é uma realidade que tende a ganhar relevância, pois 62,07% dos entrevistados indica a capacidade do programa de conscientizar o ouvinte, e de certa forma, pode ser considerado efetivamente um agente multiplicador na conscientização da população sobre a importância de se adotar atitudes proativas que promovam a cidadania e o desenvolvimento sustentável em suas comunidades.

Ainda assim, apesar da importância da função social do rádio para o processo de geração de cidadania, promoção da informação e, claro, conscientização ambiental dos ouvintes, a rádio Brasil Central passa hoje por diversos problemas, como por exemplo, a perda significativa de servidores, remanejados para outros órgãos estaduais, algo que pode afetar a qualidade e a continuidade do programa Conexão Ambiental.


REFERÊNCIAS

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APÊNDICE. Roteiro de Questionário

PARTE 1

1. Idade
(    ) Entre 18 a 25 anos
(    ) Entre 26 a 35 anos
(    ) Entre 36 a 45 anos
(    ) Entre 46 a 55 anos
(    ) Acima de 55 anos

2. Sexo
(    ) Masculino
(    ) Feminino

3. Profissão: ______________________________________________________________________

4. Escolaridade
(    ) Ensino Fundamental
(    ) Ensino Médio
(    ) Ensino Superior

5. Tempo que mora em Goiânia: ________________________________

6. Bairro onde mora: ___________________________________________________________

7. Você acredita que as questões relacionadas ao meio ambiente podem interferir de forma positiva ou negativa sobre a qualidade de vida das pessoas?
(    ) Sim (    ) Não

8. Na sua opinião, quais os problemas ambientais mais graves que você encontra em seu bairro ou na sua cidade?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

9. Explique como tem sido a sua atitude diante desses problemas citados por você.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

10. Cidadania e desenvolvimento sustentável são conceitos claros e de fácil entendimento para você?
(    ) Sim (    ) Não



PARTE 2


11. Cidadania e desenvolvimento sustentável são conceitos que têm a ver com mudanças de atitude e adoção de pequenas ações praticadas no dia a dia que melhorem a vida das pessoas. Você acredita que os meios de comunicação de massa, especialmente o rádio, podem ajudar a população a entender melhor os benefícios dessas atitudes e ações?
(    ) Sim (    ) Não

12. Você está envolvido em algum projeto de educação ambiental na sua comunidade? Em caso positivo, em que consiste esse projeto?
(    ) Sim (    ) Não
Em que consiste  projeto:_________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

13. Na sua opinião, quais ações trariam mais benefícios para o seu bairro e para a cidade de Goiânia, no que diz respeito à promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável. Assinale até três ações:
(    ) Implantar projetos de educação ambiental nas escolas.
(    ) Intensificar a coleta seletiva do lixo.
(    ) Mais investimentos em infraestrutura básica.
(    ) Combater o uso e a ocupação irregular do solo.
(    ) Implantar ações para reduzir a poluição provocada pelos automóveis.
(    ) Proteger os recursos naturais, especialmente os recursos hídricos.
(    ) Implantar políticas públicas que resolvam ou melhorem os problemas de saneamento básico.
(    ) Implantar ações junto à população para erradica o mosquito Aedes Aegypti.

14. Você conhece o programa Conexão Ambiental que é levado ao ar pela Rádio Brasil Central AM 1270 e RBC FM 90,1 de Goiânia?
(    ) Sim (    ) Não

15. Na sua opinião, qual a melhor contribuição que o Conexão Ambiental tem dado no sentido de promover a cidadania e o desenvolvimento sustentável na sua cidade?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

16. Você gostaria de participar de algum projeto de educação ambiental em sua cidade ou no seu bairro? Em caso positivo, explique em qual tipo de projeto você gostaria de ser incluído.
(    ) Sim
(    ) Não
Tipo de projeto: ________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

17. Quais sugestões você daria para que o rádio, de uma forma geral, e o programa Conexão Ambiental, de forma específica, possa se tornar um espaço de discussão e promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________


















Alimentos sustentáveis: O Selo Verde como estratégia de comunicação institucional e fortalecimento da imagem corporativa

Resumo

O estudo consiste em uma reflexão sobre o tema alimentos sustentáveis, delilmitada na certificação Selo Verde enquanto comunicação institucional e fortalecimento da imagem corporativa. Partiu-se do contexto de que, mesmo com forte conotação de desenvolvimento sustentável, o consumo de alimentos certificados configura-se como uma forma de promover a qualidade de vida e ao mesmo tempo contribuir para que o desenvolvimento econômico sustentável possa ser uma realidade nos dias de hoje. A questão norteadora da pesquisa questiona como as empresas estão utilizando a certificação Selo Verde, enquanto estratégia de comunicação institucional, para estimular o consumo de alimentos sustentáveis e ao mesmo tempo fortalecer sua imagem corporativa? O objetivo geral consite em analisar, por meio de pesquisa de campo, qual o principal motivo que levaria o consumidor a adquirir e consumir alimentos sustentáveis. Os procedimentos metodológicos envolveram a realização de pesquisa bibliográfica de caráter teórico e pesquisa de campo, envolvendo 40 participantes. Os resultados revelam que, entre os motivos apresentados, são os fatores culturais e econômicos que mais contribuem para o baixo consumo de alimentos com certificação Selo Verde.

Palavras-chave: Alimentos sustentáveis. Selo Verde. Responsabilidade social. Comunicação institucional.


1. Introdução
Nas últimas décadas tem sido visível a preocupação com o meio ambiente, no sentido de se adotar procedimentos que venham preservar os recursos naturais e a própria qualidade de vida da sociedade. Esta preocupação tornou-se presente nos contextos socioeconômicos mundiais, ao ponto de ser tratada como prioridade de governo para muitas lideranças, diante do caos ambiental vivido pela sociedade moderna como consequência dos milhares de anos de exploração e descaso do homem para com a natureza.
Nesse mesmo sentido, a globalização trouxe consigo crescimento e novidades intermináveis fazendo com que as empresas busquem soluções para se adequarem a essa realidade global, como oportunidade para se manterem no mercado de forma competitiva e, ao mesmo tempo, orientada pelo conceito de desenvolvimento sustentável.
Portanto, para a empresa moderna, não basta apenas apresentar resultados financeiros significativos, mas sim, adotar uma ação administrativa voltada para outras finalidades, onde a cuidado com o meio ambiente tornou-se um fator determinante para que as organizações conquistem uma imagem positiva junto à sociedade.
Neste cenário, construir uma sociedade sustentável é o desafio de governos, organizações e sociedade em todo o planeta. Isto significa um padrão de vida digno a toda humanidade, com acesso a alimentação adequada, saúde e oportunidade de trabalho, ganhando importância o conceito de responsabilidade social, que é caracterizada pela relação ética e transparente da organização com todas as partes interessadas, visando o desenvolvimento sustentável (CAJAZEIRA & BARBIERI, 2006).
Visto assim, a responsabilidade social é uma tendência resultante de atitudes e atividades socialmente aceitáveis pelos empresários e exigidos pela sociedade, diante do fato de que o planeta não tem suportado o modelo predatório de desenvolvimento adotado até hoje, e já se ressente das agressões, manifestando-se por meio de catástrofes e desastres naturais que cada vez mais surpreendem ao homem por seu poder de destruição, ou seja, os recursos naturais usados hoje como matérias-primas nos processos de produção e bens e serviços, começam a dar sinal de esgotamento (MACHADO, 2002).
Hoje o mundo se organiza para restabelecer a ordem, e a educação ambiental, amparada na sustentabilidade e cidadania, tem sido o caminho para a conquista da consciência ambiental, onde o homem reconhece que a preservação de sua espécie está totalmente vinculada à preservação do meio ambiente. Dessa consciência, surgiu um novo tipo de consumidor, aquele que não se submete às pressões do mercado agroindustrial e buscam nos alimentos sustentáveis, preferencialmente aqueles com certificação Selo Verde, uma forma de associarem aspectos importantes relativos aos hábitos de consumo alimentares, ou seja, saúde, responsabilidade socioambiental e preço.
É nessa perspectiva, portanto, que, ao adotar como tema “Alimentos sustentáveis: o Selo Verde como estratégia de comunicação institucional e fortalecimento da imagem corporativa”, procurou-se estabelecer uma relação no âmbito organizacional, entre o consumidor e sua percepção sobre o tema, e as empresas que buscam na certificação uma forma de tornarem-se mais competitivas.
Sabe-se que a certificação Selo Verde para alimentos é uma realidade no mundo inteiro, no entanto, no caso do Brasil, verifica-se um crescimento tímido do número de consumidores desses alimentos. Neste sentido, a questão norteadora da pesquisa passa pelo seguinte questionamento: como as empresas estão utilizando a certificação Selo Verde, enquanto estratégia de comunicação institucional, para estimular o consumo de alimentos sustentáveis e ao mesmo tempo fortalecer sua imagem corporativa?
Partindo desse questionamento, procurou-se discorrer sobre o conceito de comunicação institucional e imagem corporativa; contextualizar o conceito de responsabilidade social nas organizações; estabelecer uma relação entre alimento sustentável e a certificação Selo Verde, no que diz respeito aos hábitos de consumo e as vantagens que a certificação traz para as empresas; discorrer sobre os fatores que envolvem o consumo de alimentos com certificação; e apresentar uma abordagem sobre a certificação Selo Verde enquanto estratégia de comunicação institucional e fortalecimento da imagem corporativa.
A relevância do tema está relacionada ao fato de que atualmente, o mundo inteiro tem se mostrado empenhado em buscar soluções para a preservação do meio ambiente que possam ser adotadas de forma harmônica com o desenvolvimento econômico sustentável. Além disso, é determinante que as soluções encontradas venham ao encontro da promoção da qualidade de vida da população. Dessa forma, as possibilidades de consumir alimentos sustentáveis passou a ter significativa importância, sendo tema sempre atual e merecedor de investimentos em pesquisas e campanhas publicitárias que estimulem o consumo desse tipo de alimentos.
No que diz respeito aos procedimentos metodológicos, o estudo classifica-se como pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. A pesquisa bibliográfica foi desenvolvida a partir da consulta de livros e de artigos disponibilizados por meio eletrônico. A pesquisa de campo foi realizada com um grupo amostral composto por 40 indivíduos, tendo o questionário estruturado como instrumento para coleta dos dados.
O objetivo geral do estudo consiste em analisar, por meio de pesquisa de campo, qual o principal motivo que levaria o consumidor a adquirir e consumir alimentos sustentáveis, e os resultados revelam que, entre os motivos apresentados, são os fatores culturais e econômicos que mais contribuem para o baixo consumo de alimentos com certificação Selo Verde.

2. Referencial teórico
2.1 Comunicação institucional e imagem corporativa
No âmbito das organizações, Duarte (2003, p. 190) ressalta a importância da imagem corporativa como o grande patrimônio da organização, ou seja: “a imagem é algo que possui um valor superior até aos produtos ou serviços que ela oferece no mercado”.
Diante dos atuais arranjos onde estão inseridas as organizações, tanto no que diz respeito às estratégias mercadológicas de competitividade, quanto na definição de diretrizes de atuação junto à sociedade, um dos fatores primordiais de relacionamento tem sido a comunicação enquanto recurso estratégico de entendimento, persuasão e de negócios, e para que possa cumprir essa função, a comunicação também requer planejamento e definição de regras que a tornem eficaz (KUNSCH, 1997).
Tendo em vista que a comunicação constitui um recurso estratégico para as organizações, o processo de construção da identidade corporativa também sofre influência significativa desse recurso. No entanto, oportuno é distinguir a diferença entre comunicação institucional e comunicação mercadológica, o que sugere duas classes de pessoas: os consumidores e os cidadãos. Nesse contexto, a comunicação institucional é dirigida ao cidadão e a comunicação mercadológica, ao consumidor de produtos e serviços, conforme esclarece Andrade (1997, p. 121):
Sob o ponto de vista da comunicação, a pessoa deve ser um ser bifacetado: de um lado está o consumidor adquirente de produtos e serviços, e de outro o consumidor de ideias, causas, crenças: o cidadão. Portanto, a comunicação da identidade corporativa (a comunicação institucional) “fala e cala” muito mais à faceta do cidadão que, cada vez mais, exige cidadania das empresas, corporações e instituições. É também a comunicação da identidade corporativa aquela que melhor e mais eficazmente atinge os públicos de interesse institucional.
Certamente é tarefa quase impossível falar de comunicação sem fazer referência às tecnologias presentes na sociedade atual. É indiscutível que a evolução tecnológica e os recursos tecnológicos disponíveis na atualidade, exercem uma função relevante na evolução e transformação da comunicação social. Se por um lado representa uma verdadeira revolução cultural, por outro lado significa investimentos e definição de novos objetivos e rumos estratégicos. Como conseqüência disso, é o fato de que, no mercado de trabalho envolvendo a comunicação social, já existem inúmeras empresas e clientes que fazem sua comunicação de forma digital, apresentando e oferecendo seus produtos e serviços, ou apresentam a instituição para quem presta seus serviços (NASSAR, 1997).
Esse processo de evolução tecnológica e da própria comunicação impulsionado pelas novas mídias fez surgir também um novo público. Nesse sentido, NASSAR (1997) constata que não existiria a gôndola de novos produtos e serviços de comunicação social que utilizam as novas tecnologias se não houvesse uma série de novos públicos, fundamentais para o sucesso das instituições e empresas.

2.2 Responsabilidade social nas organizações
De uma forma geral, as organizações podem ser definidas como unidades sociais que procuram atingir objetivos específicos, sendo que sua razão de ser é servir a esses objetivos. Portanto, são os objetivos que estabelecem a base para a relação entre a organização e seu ambiente (CHIAVENATO, 2008).
Em conceito formulado por Robbins (2003, p. 31), “uma organização é um arranjo sistemático de duas ou mais pessoas que cumprem papéis formais e compartilham um propósito comum”.
A partir desse conceito, o tema responsabilidade social vem ganhando espaço nos cenários organizacionais como forma de dar uma resposta positiva aos diversos problemas que envolvem as relações de convivência entre os indivíduos e principalmente em relação ao meio ambiente. A responsabilidade social no âmbito das organizações, de acordo com Chiavenato (2008, p. 483), consiste na “atuação responsável socialmente de seus membros, as atividades de beneficência e os compromissos da organização com a sociedade em geral e de forma mais intensa com aqueles grupos ou parte da sociedade com a qual está mais em contato”.
A responsabilidade social das organizações passou a ser cada vez mais questionada à medida que a sociedade passou a exigir uma postura ética da ação administrativa nas empresas. Dessa forma, atualmente as organizações não são percebidas apenas como arranjos voltados para vendas, lucros e produtividade, mas sim, por suas contribuições à sociedade e compromissos com o bem comum. Nesse aspecto, a responsabilidade social dá à organização uma conotação com ênfase institucional, onde a visão institucional passou a orientar as ações administrativas, determinando uma mudança de visão empresarial, ou seja, onde antes privilegiava-se apenas o lucro, atualmente se privilegia o social e o institucional (IANHEZ, 1997).
O conceito de responsabilidade social empresarial está condicionado ao meio ambiente social, político, econômico e cultural, tendo seu foco nas atitudes e comportamentos da organização em face das exigências sociais vividas em um determinado tempo pela sociedade. No entanto, a adoção de responsabilidade social nas estratégias empresariais exige uma reflexão prévia sobre o conceito de ética empresarial, levando em consideração que a responsabilidade social é um indicador de gestão empresarial que envolve a ética em suas atividades (ASHLEY, 2005).
Dessa forma, conforme ressalta Ashley (2005, p. 70), para que a responsabilidade social exista, “é necessário que as técnicas e filosofias das empresas sejam repensadas, que o fim social não seja massacrado pelo desejo de lucro – lucro este que não deve ser um fim em si, e sim o viabilizador de uma atitude mais ética e responsável por parte das empresas”.
Diante disso, o que a sociedade espera de uma empresa realmente preocupada em contribuir para a solução dos problemas da sociedade, é que ela adote uma política institucional firme, ética, dinâmica e empreendedora, onde a responsabilidade social seja um processo natural no ambiente interno da organização, e que essa cultura organizacional possa estender-se no sentido de estimular a responsabilidade individual de cada cidadão.
Por cultura organizacional, deve-se considerar o conceito formulado por Mota (1997, p. 300), que assim se expressa:

A cultura organizacional é a forma expressiva de repasse de um projeto, de uma missão, a que os membros de uma organização devem/querem aderir, sendo assim, ela também expressa uma visão da organização (imagem atual e/ou futura) e uma visão de mudo existente e a construir; é a cultura organizacional que comunica quais são os comportamentos, a prioridade e as ações que darão sustentação à construção desse projeto; é ela que diz quais os valores que são ou ao compatíveis com essa construção e a que crenças devem os membros organizacionais se agarrar; é ela, ainda, que determina modelos que devem ser seguidos.
Importante ressaltar que as estratégias empresariais devem estar afinadas com a cultura organizacional, além de que, dentro do conceito de responsabilidade social, devem ser desenvolvidas de acordo com a realidade de cada país e de cada região, para que seus resultados ofereçam as respostas necessárias de cada contexto social.
No caso do Brasil, conforme orienta Ashley (2005, p. 70), “é necessário que as estratégias de responsabilidade social empresarial sejam criadas e desenvolvidas de acordo com a realidade brasileira”. A autora ainda alerta para o fato de que as experiências de outros países devem ser percebidas de forma positiva, entretanto, pode ser que não proporcionem os resultados esperados tendo em vista a diversidade regional e cultural do Brasil.
Visto dessa forma, é de se entender que o principal motivo para uma empresa ser socialmente responsável é que esse procedimento proporciona a ela consciência de si mesma e de suas interações na sociedade.
No entanto, em um mundo em que a realidade de mercado muda com velocidade cada vez maior, a organização precisa saber exatamente qual é sua missão e a busca de um sentido ético para sua existência deve voltar-se tanto para as relações de mercado quanto para as relações entre pessoas.
Nesse contexto, Certo (2003, p. 49) define responsabilidade social da empresa como sendo “a obrigação administrativa de tomar atitudes que protejam e promovam tanto o bem estar da sociedade como um todo quanto os interesses da empresa”.
Assim a responsabilidade social engloba tanto o interesse pela parte externa da empresa, quanto o seu público interno, buscando o bem-estar para as duas partes, ou seja, a responsabilidade social empresarial diz respeito aos atos, tanto internos quanto externos, que as organizações realizam que visam qualidade de vida para a sociedade como um todo.
A responsabilidade social interna na empresa tem como retorno imediato, o aumento da produtividade do trabalho como decorrência da maior satisfação, motivação e capacitação dos seus empregados, além do retorno do investimento pelo aumento da produtividade. Dessa forma, ao agir com responsabilidade social a empresa ganha respeito, admiração e reconhecimento por parte dos stakeholders, ou seja, das pessoas que afetam ou são afetadas pelas atividades da organização.

2.3 Alimentos sustentáveis e a certificação Selo Verde
Por alimento sustentável entende-se todo e qualquer alimento produzido em condições naturais e sem o uso de agrotóxicos. De acordo com a literatura consultada, os alimentos sustentáveis, denominados também de alimentos ecológicos, englobam todos os produtos alimentares produzidos pela agricultura ecológica e suas correntes, como a agricultura orgânica, a agroecológica, a biodinâmica entre outras (BRANDENBURG, JEANE e SILVA JUNIOR, 2008).
De acordo com estudos da Embrapa, em meados dos anos 70 acentuou-se a pressão da sociedade e dos mercados consumidores por produtos elaboradores por processos que causam menos impactos ao meio ambiente, e ao mesmo tempo em que o conceito de responsabilidade socioambiental ganhou importância, tanto no ambiente das organizações quanto nos hábitos de consumo, motivaram a criação de novos mecanismos reguladores de qualidade, que incorporassem o cuidado com o manejo ambiental no processo de produção, orientados por normas de certificação e de dispositivos legais que garantam a produção de alimentos em harmonia com a preservação dos recursos naturais (PESSOA, 2002).
É neste cenário que surge a certificação Selo Verde, que consiste em um rótulo colocado em produtos comerciais, indicando que sua produção foi feita atendendo a um conjunto de normas pré-estabelecidas pela instituição emitente do selo. Seu principal objetivo é comunicar ao consumidor que o produto que o mesmo está adquirindo foi produzido de acordo com os critérios de qualidade e, acima de tudo, com baixo nível de impacto ambiental, como no caso dos alimentos certificados.
Ao associar a produção de alimento com questões ambientais, ao mesmo tempo em que o acesso a programas de educação ambiental foi favorecido pela grande atenção que os meios de comunicação dedicaram a este assunto, provocou alterações conceituais sobre as relações entre desenvolvimento econômico e meio ambiente, tanto no Brasil quanto no resto do mundo.
Neste momento, a atenção volta-se à forma de como o produto foi elaborado, aumentando a preferência a alimentos produzidos no âmbito de uma cadeia produtiva ambientalmente responsável. A esse respeito, Pessoa (2002, p. 19) apresenta o seguinte relato:
Surgem, assim, novos fatores que interferem nos critérios de escolha e diferenciação de produtos, baseados também no conhecimento da forma como o produto foi elaborado, dando-se preferência àqueles gerados no âmbito de uma cadeia produtiva “ambientalmente responsável”. O consumidor passa a adotar um hábito próprio de consumo, que leva em conta suas preferências culturais, sociais e econômicas e as opções que lhe são oferecidas, balanceando, durante o processo de escolha, fatores da trilogia saúde-ambiente-preço. A tendência mundial de aquisição volta-se, portanto, para a busca por alimentos de boa aparência, preferencialmente sem conservantes, produzidos sem agrotóxicos e sem riscos para o meio ambiente.
No que diz respeito aos hábitos de consumo de alimentos sustentáveis, que são determinados principalmente por fatores culturais, sociais e econômicos, Brandenburg, Jeane e Silva Júnior (2008, p. 56) esclarecem que:
Ao se pensar a questão do consumo, compreende-se a sociedade contemporânea articulada ao cotidiano do consumidor, pois, entre os consumidores, há diferenças no modo de consumir, seja quanto à maneira de satisfazer suas necessidades, seja quanto aos seus anseios e desejos. Observe-se, ainda, que a sociedade de consumo não está atrelada somente à simples relação de oferta e procura, mas também às visões de mundo, aquilo que é chamado de peculiaridades culturais.
É indiscutível que o consumo do alimento sustentável faz do consumidor um indivíduo fortemente comprometido com a responsabilidade socioambiental, e este comprometimento sobrepõe-se a questões econômicas e resiste às pressões do mercado e da agroindústria, prevalecendo ainda, a questão da promoção da saúde e qualidade de vida do consumidor, conforme relatam Brandenburg, Jeane e Silva Júnior (2008, p. 58):
O consumidor ecológico tem na sua escolha a responsabilidade ambiental que é evocada nesse tipo de agricultura e simultaneamente mostra-se crítico quanto ao consumo massificado e desmedido que provoca a degradação do meio ambiente. Visto dessa maneira, tal consumidor também se vê entre as contradições do mercado e opta por consumir alimentos ecológicos primordialmente para precaver-se de riscos com relação à sua saúde.
De acordo com relatórios produzidos pela UniEthos, entidade criada pelo Instituto Ethos com a função de oferecer educação e orientação às empresas para que incorporem a sustentabilidade e a responsabilidade social em sua gestão estratégica, apontam que a sustentabilidade não é uma preocupação recente, tendo em vista que, diante dos prejuízos causados ao meio ambiente e das disparidades sociais presentes em diversas partes do mundo, obrigou as lideranças mundiais, empresariais e não governamentais entenderem que era urgente desenvolver ações que combinassem a preservação ambiental, as questões sociais, humanas e econômicas, surgindo assim a Liga das Nações, em meados de 1920, ocasião em que alguns países se reuniram com o objetivo de promover a cooperação, a paz e a segurança internacional, sendo que essa iniciativa foi o primeiro passo que levaram as lideranças mundiais a pensarem globalmente (UNIETHOS, 2005).

2.4 A certificação Selo Verde enquanto estratégia de comunicação institucional
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o órgão de certificação brasileira, certificado pelo Inmetro, para atuação em certificação de sistemas de garantia de qualidade e de produtos no País.
A ABNT define certificação como um conjunto de atividades desenvolvidas por um organismo independente da relação comercial, com o objetivo de atestar publicamente, por escrito, que determinado produto, processo ou serviço está em conformidade com os requisitos especificados. Estes requisitos podem ser: nacionais, estrangeiros ou internacionais (PESSOA, 2002).
Especificamente no que diz respeito a certificação, este processo em sentido amplo, de acordo com Silva (2005, p. 4), pode ser definido como:
(...) um processo voluntário, no qual uma organização busca o reconhecimento, através da garantia dada aos seus clientes e à sociedade, por meio da Certificação, de que seu produto tem origem em florestas adequadamente manejadas, quanto aos aspectos ambiental, social e econômico. A certificação é um instrumento que atesta determinadas características de um produto ou de um processo produtivo.
Entre os benefícios resultantes da certificação, independente do tipo de produto ou serviço que certificado, Pessoa (2002, p. 85):
·   organização, simplificação e clareza de procedimentos e tecnologias disponíveis para a produção;
·   definição de métodos de controle, calibração e segurança de equipamentos;
·   disciplina na produção; organização e agilidade na recuperação de documentação de registros de acompanhamentos;
·   controle de produtos, serviços e processos;
·   racionalização de tempo gasto nas atividades;
·   redução do consumo e do desperdício de recursos naturais não-renováveis;
·   melhoria de qualidade;
·   diminuição de entraves associados a barreiras comerciais;
·   proteção à saúde do consumidor e ao meio ambiente;
·   segurança e confiabilidade no produto.
A autora ainda ressalta que os benefícios citados acima, podem ser priorizados em decorrência de três grandes demandas do consumidor: facilidade de identificação do produto, competitividade de mercado e credibilidade.
De uma forma geral, de acordo com SCHENINI (2005), as circunstâncias que levaram as indústrias a adotarem produtos certificados estão relacionadas às demandas do mercado global, que passaram a exigir produtos com padrão de qualidade, produzidos com tecnologias limpas e ecologicamente corretas. Dessa forma, é evidente uma tendência das empresas em se adequarem para atender ao conceito de desenvolvimento sustentável, a partir da utilização racional dos recursos naturais, além de atender às expectativas dos consumidores e clientes.
De acordo com a revista Análise, do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (IDEIES), edição de agosto de 2011, o Selo Verde, enquanto estratégia de comunicação institucional e diferencial competitivo, contribuindo para o fortalecimento da imagem corporativa das empresas junto ao público consumidor, é uma questão já consolidada.
No cenário econômico mundial, as empresas mais competitivas serão aquelas que estão investindo em meios de produção que viabilizem um crescimento saudável, preservando o meio ambiente. E é aqui que o selo verde começa a ser o diferencial. No entanto, cabe ao consumidor ficar atento, pois assim como acontece em outros países, a quantidade de selos verdes pode desqualificar a sua utilização, tendo em vista que muitas empresas utilizam essa certificação apenas como atrativo comercial, sem nenhum comprometimento com a sustentabilidade e a responsabilidade socioambiental (ANÁLISE, 2011).
Outro problema identificado no âmbito das empresas, no que diz à eficiência da comunicação institucional associada ao Selo Verde diz respeito à questão relativa ao alto poder aquisitivo, que é uma característica do consumidor de alimentos e produtos certificados.
A esse respeito, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), reconhece que diante do grande potencial do mercado de produtos com Selo Verde, muitas empresas passaram a se interessar em mapear o poder de compra de pessoas com alto poder aquisitivo interessadas em um estilo de vida de baixo impacto ambiental, vendo essas pessoas como um novo e excelente nicho de mercado. Assim, a necessidade de redução e modificação dos padrões de consumo foi substituída pelo simples “esverdeamento” dos produtos e serviços (IDEC, 2005).
Além disso, ainda de acordo com o IDEC (2005), o consumo de alimentos com Selo Verde tem alcançado apenas uma parcela da população, ou seja, aquelas com maior poder de compra, enquanto que os indivíduos de baixo poder aquisitivo continuam consumindo produtos inferiores e com um nível de consumo abaixo da satisfação de suas necessidades básicas, o que exige dos órgãos de regulação e das próprias empresas repensarem suas estratégias de comunicação promocional no sentido de garantirem uma imagem positiva junto ao consumidor baseada no compromisso com a responsabilidade socioambiental e o desenvolvimento econômico sustentável.

3. Metodologia
O estudo foi viabilizado por meio de pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. No primeiro caso, este tipo de pesquisa tem como fonte primária livros, jornais, revistas, artigos e publicações disponibilizadas por meio eletrônico. A consulta da literatura científica oferece subsídios teóricos para discussão dos resultados obtidos com a pesquisa de campo (VERGARA, 2007).
No caso da pesquisa de campo, a mesma foi realizada com a participação de indivíduos escolhidos de forma aleatória, sendo que os únicos critérios de inclusão foram a acessibilidade e a disponibilidade para participarem da pesquisa. Este tipo de pesquisa consiste na investigação realizada em local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo, podendo incluir entrevistas, questionários e observações como instrumento para a coleta dos dados (VERGARA, 2007).
Atendendo aos procedimentos metodológicos recomendados para a pesquisa de campo, foi utilizado o questionário aberto, estruturado, como instrumento para coleta de dados (em apêndice). Composto por cinco questões direcionadas com o objetivo de oferecer resposta ao questionamento e atender ao objetivo geral da pesquisa, o questionário também serviu para caracterizar a amostra por critérios de idade, grau de escolaridade, renda média mensal e atividade profissional.
Para viabilizar o acesso ao questionário pelos participantes e a coleta das respostas, o mesmo foi disponibilizado nas redes sociais (Facebook), durante o período de 18 a 30 de abril de 2013. A importância desse procedimento está relacionada ao fato de ser possível obter uma maior heterogeneidade da amostra.
Com esse procedimento, foi possível contar com a participação de 40 indivíduos com idade entre 18 a 60 anos, onde a maior incidência foi registrada na faixa etária de 26 a 35 anos, representando um percentual de 45,6% da amostra. Dos participantes, 47,5% têm curso superior, e 60% tem uma renda média mensal em torno de 2 a 5 salários mínimos. No que diz respeito à atividade profissional, foram registrados advogados, profissionais de marketing, jornalistas, servidores públicos, empresários, bancários entre outros.

4. Resultados
Partindo da constatação de que os alimentos sustentáveis ainda apresentam um baixo índice de consumo no Brasil, foram apresentados aos participantes alguns fatores que contribuem para este quadro. Pelos dados apresentados na Tabela 1 é possível visualizar a percepção dos participantes em relação a estes fatores:

Fatores
Grau de importância
Nenhuma importância
Pouco importante
Importante
Muito importante
Fatores culturais
2,6%
26,3%
31,6%
39,5%
Fatores econômicos (alto custo dos produtos)
0,0%
7,7%
30,8%
61,5%
Falta de informação sobre benefícios
0,0%
15,8%
60,5%
23,7%
Estratégias de comunicação deficientes
2,7%
28,9%
39,5%
28,9%
Baixa oferta dos produtos nos supermercados
5,1%
15,4%
51,3%
28,2%
Tabela 1. Fatores que contribuem para o baixo índice de consumo de alimentos sustentáveis.
Fonte: Pesquisa de campo realizada pelo autor.
                                                   
Pelos resultados, percebe-se que os fatores econômicos, ou seja, o alto custo dos produtos, ainda é um dos fatores que mais influenciam para o baixo índice de consumo de alimentos sustentáveis, sendo esta a opinião de 61,5% dos participantes. Não se pode deixar de considerar também que, para 39,5% dos participantes, são os fatores culturais que limitam o consumo desses alimentos, ao passo que, para 23,7% fez referência à falta de informações sobre os benefícios desses alimentos, e 28,9% apontaram a deficiência das estratégias de comunicação das empresas, e 282,2% afirmaram que a baixa oferta dos produtos nos supermercados é um fator determinante para o baixo consumo dos alimentos com certificação Selo Verde.
No Gráfico 1 é possível constatar a opinião dos participantes quando perguntados sobre o principal motivo que levaria o consumidor a adquirir e consumir alimentos sustentáveis.

Gráfico 1. Principal motivo para consumir alimentos sustentáveis.
Fonte: Pesquisa de campo realizada pelo autor.

Mesmo não ignorando motivos sociais, culturais e o senso de responsabilidade social, que registraram respectivamente 7,5%, 10% e 30% como motivos que levariam o participante a consumirem alimentos sustentáveis, a pesquisa revelou que 52,5% passariam a consumir estes alimentos motivados pela redução do custo dos produtos, que precisam ser repensados para que as empresas alcancem um maior número de consumidores. Mesmo sendo o motivo econômico que mais se destaca, esse resultado vem confirmar que a produção e o consumo de alimentos com certificação Selo Verde é antes de tudo um compromisso com o meio ambiente e com o desenvolvimento econômico sustentável, situações estas que devem sempre prevalecer em detrimento de modismos ou influências da mídia.
No Gráfico 2 procurou-se saber dos participantes se o alto custo dos alimentos é, efetivamente, um motivo que limita e não favorece o consumo frequente dos alimentos sustentáveis.

Gráfico 2. Alto custo como fator para não consumir
Fonte: Pesquisa de campo realizada pelo autor.
Os resultados obtidos é quase uma unanimidade na opinião dos participantes de que o alto custo limita e não favorece o consumo de alimentos sustentáveis, registrando um percentual de 92,3% contra 7,7% que não consideram o alto custo um fator determinante para o não consumo. Esse resultado vem confirmar o que foi registrando na primeira questão, onde os participantes consideraram os fatores econômicos (alto custo) como muito importante e que limita ou até mesmo impede o consumo de alimentos com certificação Selo Verde.
Com objetivo de confirmar o principal motivo para o baixo consumo de alimentos sustentáveis, o Gráfico 3 apresenta os resultados quando aos participantes foi pedido para optar entre dois fatores: o alto custo e a mudança de hábitos alimentares como obstáculo ao consumo.

Gráfico 3. Obstáculo ao consumo.
Fonte: Pesquisa de campo realizada pelo autor.

Os resultados são quase equivalentes, onde 57,5% relataram a mudança de hábitos e 42,5% fizeram referência novamente ao alto custo dos alimentos.
Na última questão, procurou-se saber dos participantes se eles acreditam que o Selo Verde seja uma estratégia de comunicação institucional eficiente e que fortalece a imagem corporativa das empresas que adotam essa certificação. Os resultados estão apresentados pelo Gráfico 4.


Gráfico 4. Selo verde como estratégia de comunicação eficiente
Fonte: Pesquisa de campo realizada pelo autor.

Pelos resultados, constata-se que 20% dos participantes não acreditam que o Selo Verde seja uma estratégia eficiente de comunicação institucional e que fortalece a imagem da empresa. No entanto, na opinião de 80%, o Selo Verde é uma estratégia de comunicação institucional eficiente, e que de fato, assegura maior competitividade à empresa e o fortalecimento de sua imagem junto ao público consumidor.

5. Conclusão
A responsabilidade social, antes de ser apenas mais um conceito, passou a ser um valor que deve estar presente na cultura organizacional das empresas, tendo em vista que os cenários econômicos da forma como se apresentam atualmente, exigem das organizações, além de produtos com qualidade e preços acessíveis, que ela assuma também o compromisso de proporcionar bem-estar e qualidade de vida individual e coletivamente.
Ao associar o conceito de responsabilidade social com o desenvolvimento sustentável, a responsabilidade socioambiental ganha uma nova conotação, tornando-se assim, o diferencial competitivo para que as empresas consolidem uma imagem corporativa de forma positiva no mercado em que atuam.
Nesta perspectiva, garantir um bom posicionamento dos produtos no mercado, aliado com uma atuação socialmente responsável está de acordo com a nova ordem econômica mundial, especialmente quando organizações não governamentais lançam diariamente campanhas de boicote na utilização de produtos não certificados, que são comercializados sem o mínimo de cuidado no que diz respeito à preservação dos recursos naturais.
Estimulado por essas iniciativas, os governos sentem-se na obrigação de certificar produtos e desenvolver metodologias que assegurem a procedência dos mesmos, e no caso desse estudo, a certificação Selo Verde veio dar aos alimentos sustentáveis ou orgânicos, a garantia de que o indivíduo está adquirindo um produto de procedência segura e produzido dentro de padrões internacionais de qualidade e, acima de tudo, promovendo uma mudança de hábito a favor da promoção de hábitos alimentares saudáveis e da qualidade de vida.
No que diz respeito à pesquisa de campo, os resultados atestam que o alto custo dos alimentos sustentáveis ainda é o principal motivo que limita a aquisição e consumo de alimentos sustentáveis. Aliado a isso, a baixa oferta de produtos e a deficiência das estratégias de comunicação das empresas foram fatores também apontados que justificam o baixo consumo desses alimentos.
Com estes resultados, é possível oferecer uma resposta ao questionamento levantado no estudo, ou seja, como as empresas estão utilizando a certificação Selo Verde, enquanto estratégia de comunicação institucional, para estimular o consumo de alimentos sustentáveis e ao mesmo tempo fortalecer sua imagem corporativa. Os resultados da pesquisa mostram que é preciso que as empresas adotem estratégicas de comunicação institucional mais eficientes, com mensagens que possam convencer o público consumidor de que, ao produzirem alimentos com certificação Selo Verde, esta empresa está atestando publicamente que tem compromisso socioambiental e com o desenvolvimento econômico sustentável, e que não está apenas aproveitando-se de um nicho de mercado com alto poder aquisitivo para obter elevados lucros financeiros.

Referências
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VERGARA, Sylvia Constant. Projetos de pesquisa em administração. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

  
APÊNDICE


INSTITUTO DE PÓS-GRADUAÇÃO E GRADUAÇÃO (IPOG)
Estratégia Publicitária e Comunicação Empresarial


Caro participante

            Esta pesquisa é parte integrante artigo científico apresentado ao Instituto de Pós-Graduação e Graduação (IPOG), tendo como tema “Alimentos sustentáveis: o selo verde como estratégia de comunicação institucional e fortalecimento da imagem corporativa”. O objetivo da pesquisa consiste em identificar os fatores que justificam o baixo número de consumidores de alimentos com a certificação Selo Verde.
            Agradeço a sua participação e esclareço que as informações colhidas com o questionário serão utilizadas exclusivamente para atender ao objetivo da pesquisa mantendo-se preservado o anonimato do participante.

Goiânia-GO, abril de 2013.


________________________________________
Ernesto Fleury



ROTEIRO DE QUESTIONÁRIO


1.  De uma forma geral, o consumo de alimentos sustentáveis ainda apresenta um baixo índice no Brasil. Na sua percepção, indique o grau de importância que você atribui a alguns fatores que contribuem para este quadro.
    
     Considere a seguinte escala:          0 = Nenhuma importância
                                                           1 = Pouco importante
                                                           2 = Importante
                                                           3 = Muito importante

Fatores
0
1
2
3
Fatores culturais




Aspectos econômicos (alto custo dos produtos)




Falta de informações sobre os benefícios para a saúde




Pouca eficiência das estratégias de comunicação utilizadas pelas empresas




Baixa oferta dos produtos nas redes de supermercados






2.  Em sua opinião qual o principal motivo que levaria o consumidor a adquirir e consumir alimentos sustentáveis:
     (   ) Social
     (   ) Cultural
     (   ) Econômico
     (   ) Senso de responsabilidade socioambiental

3.  O alto custo dos alimentos sustentáveis é um fator determinante que limita e não favorece o consumo frequente desses alimentos?
     (   ) Sim      (   ) Não
4.  Na sua percepção, qual dos motivos você destaca como um obstáculo ao consumo de alimentos sustentáveis:
     (   ) Alto custo
     (   ) Mudança de hábitos de consumo

5.  Você acredita que o selo verde é uma estratégia de comunicação institucional eficiente e que fortalece a imagem corporativa das empresas que adotam essa certificação?
     (   ) Sim      (   ) Não




PERFIL DO PARTICIPANTE



Idade:  (   ) 18 a 25 anos
            (   ) 26 a 35 anos
            (   ) 36 a 45 anos
            (   ) 46 a 60 anos
            (   ) Acima de 60 anos

Grau de escolaridade:      (   ) Ensino Fundamental
                                        (   ) Ensino Médio
                                        (   ) Ensino superior
                                        (   ) Pós-graduação

Renda média mensal:       (   ) 1 a 2 salários mínimos
                                        (   ) 2 a 5 salários mínimos
                                        (   ) 5 a 10 salários mínimos
                                        (   ) Acima de 10 salários mínimos

Atividade profissional que exerce atualmente: _____________________________________